terça-feira, janeiro 24, 2012
Fica forte, garota
Todos os dias eram a mesma coisa, estava se tornando rotina chorar, nada mudava. Por dentro ela gritava, gritava loucamente, um grito de socorro. Por fora ela parecia sempre tão meiga, tão doce, uma menina forte e carinhosa. Ninguém percebia, e isso sempre à fazia chorar mais e mais. Ela entrava em seu quarto escuro, e se sentava na cama, e perguntava-se o por que de estar acontecendo isso, e o que ela tinha feito para receber isso. Respostas nunca chegavam em seus ouvidos, nunca foram encontradas. Então ela ia deitar em sua cama, depois de um dia de fingimentos, um dia exausto, e ela pensava que ali na sua cama, com sua cabeça mergulhada em seus inúmeros travesseiros, ela estava segura, que ela iria ter um pouco de paz. Mas não, nem isso, e lá vinha a vontade de chorar, de chorar por nada… ou por tudo. E então ela agarrou um dos seus travesseiros, mergulhou sua face no mesmo, e começou a mergulhar em pensamentos, nos seus pensamentos mais sombrios… Estava tudo bagunçado, tudo tão confuso em sua mente. E os pensamentos maus começaram a dominar os bons. Por que? Por que? Seus olhos começaram a se encher de lágrimas, seu coração apertou, ela se virou, colocou o travesseiro em cima de sua barriga e olhou para o teto, ela estava clamando à Deus, pedindo para que ele à ajudasse. A dor chegou sufocando-a, e para não perder o costume, ela dizia ‘oi, sou eu de novo, e eu vim avisar que eu sempre vou existir dentro de você.’. Ela não estava mais aguentando, seu corpo tremia, a ponta do seu nariz ficaram geladas, ela só queria ser feliz, só isso. Mas algo não à deixava ser feliz, impedia ela de sorrir verdadeiramente. Então, ela se levantou, e foi até a janela do seu quarto, olhou para aquele céu estrelado… respirou com dificuldade, e fundo, e lá estava ela repetindo o que diz em todas as noites. Na noite passada ela tinha jurado que aquilo terminaria ali… mas não. Ela foi em direção à uma escrivaninha, meio velha e empoeirada, abriu a gaveta e pegou sua lâmina. Suas pernas tremiam, a gola de sua blusa estava encharcada, ela estava vendo tudo absolutamente embaçado por causa das lágrimas que inundaram seus olhos, sua respiração estava ofegante, ela não queria, mas queria. Ela se ajoelhou, começou a morder as golas de sua blusa, e começou a se machucar. Um, dois, ai e três, ela contava baixinho antes de cada machucado que ela fazia em si mesma, seus olhos não estavam mais abertos, mas ainda derramavam lágrimas, muitas lágrimas… Os soluços ficaram mais fortes, sua mente estava perturbada. Ela estava se sentindo bem, ela estava se sentindo mal. Era uma mistura de sentimentos, a maioria era ruins. Ela se perguntava todos os dias, o por que de fazer isso, e as respostas nunca foram achadas. Em baixo do seu braço, algo lhe chamou atenção, estava tudo vermelho, algo que estava formando uma bola de vermelho no meio de um lençol branco. Ela deu um riso irônico e falou “Falhei mais uma vez, sempre falho né…mas me sinto melhor, já terminei.’. Ela se levantou, foi até a pia olhando para a lâmina suja de sangue, se apoiou na pia, ligou a água e colocou-os embaixo da água da pia, as gotas de águas caiam incolores em seus cortes abertos e fundos, e caíam na pia se formando uma água meio rosa, meio vermelha. O braço dela latejava e ardia demais. Ela enrolou o seu braço em uma toalha e foi até a janela de seu quarto. Ela se virou para a cama, olhou para o lençol branco com uma bola vermelha no meio, e com a blusa enxugou suas lágrimas, ela se jogou na cama e se afogou em seus travesseiros. Ela pensava em que acabara de ter feito com o seu braço. E foi dormir, dormia feito um anjo. E foi dormi pensando que amanhã nada irá mudar, mesmo que ela prometa para si mesma. Nada muda, nunca muda. Mas todas as noites ela tentava. Luiza Nascimento
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