quinta-feira, janeiro 09, 2014

A poesia é uma espécie de heroísmo

Aos 17 anos todo mundo é poeta, junto com as espinhas da cara, todo mundo faz poesia. Homem, mulher, todo mundo têm seu caderninho lá dentro da gaveta, e têm os seus versinhos que depois ele joga fora ou guarda como mera curiosidade. Ser poeta aos 17 anos é fácil, eu quero ver alguém continuar acreditando em poesia aos 22 anos, aos 25 anos, aos 28 anos, aos 32 anos, aos 35 anos, aos 40 anos, eu estou com 41, aos 45 anos, aos 50, aos 60 anos, até você encontrar um poeta, por exemplo, como Drummond ou como o admirável Mário Quintana que são poetas que estão fazendo poesia há mais de 60 anos e há mais de 60 anos que a poesia é o assunto deles. Então eu acho que 90%, mais! 99% dos poetas que estão fazendo poesia hoje, daqui a dez anos eles vão estar fazendo outra coisa, porque vem a vida, vem os filhos, vem preocupações com dinheiro, vem as ambições do consumo, vem a necessidade de comprar isso, comprar aquilo, de adquirir uma casa na praia e tal, e tudo começa a se tornar mais importante do que a poesia. A poesia é uma espécie de heroísmo, você continuar ao longo dos anos acreditando nessa coisa inútil que é a pura beleza da linguagem, que é a poesia, é um heroísmo, é uma modalidade quase, às vezes eu gostaria de acreditar, de santidade. É uma espécie de santidade da linguagem. Porque a poesia não vai te fazer rico de jeito nenhum, é muito mais fácil você abrir uma banquinha e vender banana do que fazer poesia. Quer dizer, para você continuar acreditando em poesia é preciso muita santidade. Paulo Leminski

Felicidade não se encontra no cabide


Mal interpretado, mal amado, mal humorado, mal amado e mal arrumado. Assim, meio desleixado, abatido e sem rumo, saiu pela cidade afora. Caminhou, foi à praça, sentou-se. Levantou, foi ao bar, sentou-se, bebeu. Levantou-se, foi à praia, sentiu a areia nos pés, sentou-se sobre a areia, olhou o mar. Levantou-se, foi para casa. Na sala, um porta-retratos, no porta-retratos, uma foto, na foto, uma recordação. A imagem de um jovem rapaz, feliz, sorridente, pele clara e roupa de marinheiro. O mar como plano de fundo. Era ele, vinte anos atrás, marinheiro. Hoje, noite de sábado, sozinho, idade avançada, sozinho, cheirando a álcool, sozinho, transbordando sentimentos e sensações. Sentou-se no sofá, demorou uns minutos. Levantou-se, foi até a escrivaninha. Era poeta, dos falidos, mas era. Pegou caneta e papel e em questão de minutos, lá estavam seus versos, retratando a angústia da solidão. Era poeta, sofria, fingia, aparentemente estava tudo muito bem, mas sofria. Levantou-se, foi ao quarto, abriu a porta do guarda-roupa. Vasculhou, revirou, bagunçou e não encontrou o que procurava. Felicidade não se encontra no cabide.

Confia em mim, eu te amo


Eu quero um amor que dure pra sempre, não o amor que estamos acostumados a sentir. Nós não somos um casal, apesar de todos saberem que no fundo a gente se ama, mas preferimos fingir que somos apenas ótimos e bons amigos. Amizade que começou em um inverno, em um dia de chuva, eu estava toda molhada, e com o cabelo bagunçado, você com seu jeito cavalheiro de ser, me ofereceu logo seu guarda chuva, e eu constrangida com toda aquela situação, disse que não precisava, você apenas sorriu e disse “tudo bem então marrentinha” e foi assim que nos vimos pela primeira vez. Eu cheguei em casa e confesso que pensei muito em você, fiquei pensando se fui grossa demais contigo, e quando eu iria te encontrar de novo,e foi assim por semanas. Até que um dia, eu estava indo ao mercado, e foi lá que te vi pela segunda vez, eu fiquei envergonhada, eu não estava arrumada para ter um encontro, e você apenas sorriu pra mim, eu tinha mil coisas pra te perguntar, mas não tive coragem, então simplesmente sorri, e fui para o último caixa e fiquei te olhando de lá. Cheguei em casa, fiquei puta da vida, cara, eu não tive coragem de falar com você, e mais uma vez, fiquei cheia de dúvidas, nem seu nome eu sabia, mas mesmo assim guardei em mim seu sorriso, pois era a única coisa que eu sabia que jamais iria esquecer. Depois de muitos meses, eu fui ao primeiro dia de aula, e foi lá que te conheci de verdade, descobri seu nome, sua idade, suas bandas favoritas, e me apaixonei por você, me apaixonei por uma sorriso, um sorriso que eu tinha visto apenas duas vezes, sem nem ter falado com você antes. E mesmo eu te apresentando várias outras garotas, pode ter certeza que eu te amo em silêncio, e jamais vou deixar esse amor morrer, confia em mim, eu te amo e esse amor vai muito além do que você imagina. Lí Santos

segunda-feira, julho 02, 2012

Se eu morrer antes de você























Se eu morrer antes de você, faça-me um favor: Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo. Se não quiser chorar, não chore; Se não conseguir chorar, não se preocupe; Se tiver vontade de rir, ria; Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão; Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me; Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam; Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo… E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase: “Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto!” Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu. “Ser seu amigo, já é um pedaço dele... Chico Xavier

domingo, julho 01, 2012

De uma eterna Belieber, para o meu pequeno Kidrauhl























Estava indo até a padaria, de pijama, com uma trança mal feita e uma pantufa de cachorrinho. Ia passando de cabeça baixa, porque estava com olheiras e com cara de sono. Eu pechei em alguém. Me pediram desculpas. Eu não liguei, mas uma coisa disse que eu precisava levantar a cabeça. E eu levantei. Encontrei seus olhos e vi um sorriso enorme no seu rosto. Eu não sabia o que de fato eu deveria fazer, mas com lágrimas nos olhos eu me enterrei em seus braços. Você sabia o que fazer, porque, afinal, não era a primeira vez que isso acontecia. Com certeza esse foi o melhor abraço que alguém já havia me dado. As pessoas passavam em volta e me olhavam com desprezo, afinal, o que uma garota fazia de pijama na rua, chorando nos braços de um garoto? Ah, o que o amor não faz com as pessoas. Você não tentava se esquivar, apenas me abraçava cada vez mais forte. Mas minutos depois você me soltou e disse que precisa ir. Não tive reação nenhuma, apenas chorei mais ainda e te abracei o mais forte possível. Me afastei de você, peguei meu celular e pedi se você poderia sorrir. Você não disse nada, apenas abriu o maior sorriso que eu já tinha visto. Tirei uma foto do seu sorriso. Você me pediu porque, e eu disse que ia guardar essa foto pra sempre, porque pela primeira vez, você tinha sorrido só pra mim. Lágrimas rolaram pelo seu rosto e você volto a me abraçar, mais forte ainda. Depois de um tempo você me soltou, me deu um beijo na bochecha e se foi. E eu fiquei ali, com a maior cara de sonho realizado. Porque, cara, Never Say Never. Bianca

Nem Coca-Cola se compara a você

— Tá ocupado?
— Não pra você.
— E se fosse outra pessoa?
— Aí eu estaria. 
— E está fazendo o quê? 
— Depende. 
— Depende do quê, Lucas? 
— De quem tá perguntando. Você ou outra pessoa. 
— Eu né.
— Ah, tô deitado. E você, Babi?
— Tô comendo pipoca.
— Que gorda.
— Para, tô bebendo suco.
— O que tem isso?
— Tô de dieta, né. 
Ele ri. — Comendo pipoca? 
— Hello, tô bebendo suco. 
— Mano, tô rindo. 
— Porque, Lucas? 
— Você falando que tá de dieta, ai amor, só te mordendo mesmo. 
— Ué, pior se eu estivesse bebendo Coca-Cola. 
— Coca é bom. 
— Eu sou boa. 
— Minha boa.
— Tua boa.
— Apenas boa.
— Completamente boa.
— Mas eu prefiro Coca.
Ele ri. — Então casa com ela, Lucas. 
— Ciumenta.
— Para, nada de comparar a Coca, amor.
— Você é melhor.
— Sou?
— Claro.
— Então se você estivesse com muito calor, e tivesse eu de um lado e um copo de Coca bem gelado do outro lado, pra qual você iria?
— Já disse que te amo hoje?
— Responde!
Ele ri. — Eu pegaria o copo e daria a você. Viu? Os dois. 
— Acho bom. 
— Acha bom porque eu não te deixei? 
— Não, porque eu beberia Coca. 
— Só por isso? 
— Não, porque eu estaria com você. 
— Ok, mas você me prefere né? 
— Já disse que te amo hoje, Luc? 
Ele ri. — Idiota.

sexta-feira, junho 08, 2012

Apenas, quero transbordar






















Quão difícil é achar uma pessoa que te faça transbordar? Transbordar de sentimento, de paixão, de necessidade do outro. Transbordar de afeto, de desejo e porque não de tesão? Onde será que está a pessoa que vai me fazer transbordar novamente? Pensando a mesma coisa que eu? Me falam muitas vezes o quão difícil de lidar eu sou. O quão exigente para o amor, eu me tornei. E que assim eu nunca vou achar ninguém que seja o suficiente. O suficiente…. o que seria isso? Elas não entendem que eu não quero apenas o suficiente, eu quero o excesso. Não quero o suficiente, o limitado, o contado. Parece complicado, mas é mais fácil do que se imagina. Quero apenas o simples. Quão difícil é achar uma pessoa que goste de ler, que goste de uma música boa, de assistir um filme coladinho, de dividir o milk shake e o último pedaço do bolo? Quero o clichê do amor. Namoro no portão, mãos dadas e beijos na testa. Quero o simples do amor. Não quero flores. Quem sabe um origami, aquele que você tanto tentou me ensinar. Quero que me mandem uma mensagem pedindo pra olhar a lua e me avisar que eu devia sair da frente desse computador e viver um pouco. Quero que joguem video-game comigo. E que amem isso. Quero que tenha brigas. Quero que tenha amassos de reconciliação. Quero um amor calmo, mas ao mesmo tempo que borbulhe. Não quero nhe nhe nhe demais, quero que seja na medida, que não enjoe, que seja agridoce. Quero alguém que me fale pra ficar quando eu gritar que vou embora. Quero alguém que fale por horas a fio comigo sobre séries, filmes e livros. Que não se importe que eu vá na academia dia sim, outros 42 dias não. Alguém que apesar de ter me visto seis horas atrás, me abrace e sussurre ”Tava com saudade, pequena.” Quero a sensação de ver o mar e sentir ao mesmo tempo calma e euforia, quando eu vejo alguém. Quero o frio na barriga do primeiro beijo. Quero a tremedeira nas pernas por causa de alguma presença. Quero olhar de cinco em cinco minutos pro visor do celular e desejar que alguém em salve. Quero ver as horas iguais e saber que não preciso disso para ter alguém pensando em mim. E apesar de não acreditar nisso, acreditar só por alguém. Quero que meus pais me envergonhem perguntando por alguém. E que eu sorria, por saber que existe alguém mesmo. Quero finalmente uma resposta pra dá a minha tia quando ela perguntar ”E os namorados?” e eu poder responder ”Ficou cuidando do irmão mais novo.” Quero dedicatórias em livros, bilhetes na sacola do pão. Quero olhos brilhando. Mãos suando e a sensação de borboletas invadindo meu estômago. Quero alguém que cante ”Lucky” pra mim no violão. E acima de tudo, quero continuidade. Quero respeito. Não quero ser a única a me doar, muito menos a única a me doer. Quero reciprocidade. Quero me aceite assim como eu sou. No meu ritmo. A c e l e r a d o, só que lento. E no final das contas, só quero a sorte de alguém querer o meu querer. Luiza em "Ana"